Falta de informação leva dezenas de banhistas ao mar apesar de análises "extremamente" negativas

O areal de Vila Praia de Âncora hasteou hoje a bandeira vermelha mas para os banhistas o alerta "passou ao lado", por pensarem que se tratava de perigo de ondulação e não de má qualidade da água.
Publicado a
Atualizado a

Isso mesmo constatou a Lusa, numa visita à praia, onde duas bandeiras vermelhas eram bem visíveis no areal. "É da maré não é? Mas o mar até está calmo", perguntava Ricardo Ribeiro, que dava banho ás duas filhas. " resposta da Lusa de que o problema estava afinal na qualidade da água, a reação foi imediata: "Matilde, sai já da água", atirou o pai. Pouco depois veio a indignação com a falta da informação, no caso sobre os resultados "extremamente negativos" das análises da água recolhida à saída da ETAR daquela localidade, hoje conhecidos. "Então as autoridades conhecem a situação e ninguém nos avisa? Deixam-nos estar na água como se nada fosse?", critica indignado.

Em pleno areal, Carina Martins observa a bandeira vermelha, que não passa de um sinónimo de perigo no mar. "Aqui, a água está calminha, não vê?", atirava, antes de ouvir a justificação. A Câmara de Caminha anunciou hoje que decidiu arrear a bandeira azul da praia de Vila Praia de Âncora, depois dos resultados "extremamente negativos" das análises da água recolhida à saída da ETAR daquela localidade. Ao saber disto, de pronto retira o filho Lucas da água, onde esteve coberto até ao pescoço, quase toda a tarde. A poucos metros Marco Sá faz este ano a sua estreia como nadador-salvador e confessa que o dia foi "um pouco atarefado". "As pessoas perguntam o porquê da bandeira vermelha, mas nós também não temos muito para dizer. Só sabemos que é algo com a qualidade da água, nada mais", explica.

Durante o dia, a Câmara colocou na praia um aviso de desaconselhamento de prática balnear, na chamada "Praia das Crianças", alegando que "em primeiro lugar, está a salvaguarda da saúde pública, que urge e tem de ser preservada". Preocupações que, ainda assim, não afetaram a família Martins. "É problema da água? Não faz mal, a poluição afinal esta em todo o lado", desabada Liliana, garantindo que nunca imaginou se passasse alguma coisa, dada afluência à praia. Menos contente estava Gilberto Costa. Acabado de sair da água, não conseguia explicar à Lusa o porquê da bandeira vermelha, apesar de ser a primeira vez que a via ao fim de vários dias de férias em Vila Praia de Âncora.

"Agora é que percebo porque é que há dois dias a minha mulher fez uma reação na pele. Até fomos à farmácia e tudo, mas tínhamos percebido o porquê", afirmou. "Há nadadores salvadores na praia, porque é que não avisam as pessoas? Chegavam perto das pessoas e diziam que água está com problemas. No meu caso deixei os meus filhos na água como se nada fosse", lamentou. Em causa está a chamada "praia das crianças", que entre 2006 e 2010 esteve sem bandeira azul por problemas similares. Para o executivo liderado por Júlia Paula Costa, o problema poderá ter duas causas: ou a descarga [da ETAR] não cumpre com os parâmetros ambientais, ou os parâmetros ambientais autorizados não são compatíveis com o atual estado natural do rio. A Câmara garante que não se conforma com esta situação, e tomará "todas as iniciativas necessárias para o apuramento de eventuais responsabilidades ou responsáveis".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt